[Crítica] Thunderbolts* (2025)

 Quando a Marvel surpreende no meio do caos.


Filmes de heróis são um tema cansado?


Essa é uma pergunta que às vezes me faço, seja ao ver o anúncio de um novo filme ou até mesmo antes de decidir assisti-lo. Quando vou ao cinema, percebo que aquelas longas filas para comprar pipoca já não existem mais, aquele corre-corre típico e até os cosplayers parecem ter sumido. Isso, sem dúvidas, reflete como o gênero se saturou. Desde Vingadores: Ultimato (2019), tivemos tantas sequências ruins e tão poucos acertos que era inevitável que esse desgaste chegasse mais cedo ou mais tarde.

 

Thunderbolts (2025) surge após um questionável Capitão América: Admirável Mundo Novo, que já tem resenha aqui no site. Na minha visão, esse último filme evidenciou ainda mais o cansaço do gênero. Por isso, quando me vi diante da decisão de assistir ou não Thunderbolts, confesso que minhas expectativas eram bem baixas, acreditando que poderia ser mais um fracasso de bilheteria e público. No entanto, após alguns elogios vindos da crítica especializada, decidi arriscar — e, para minha surpresa, fui positivamente surpreendido, como conto a seguir (sem spoilers).


No enredo, um grupo improvável de anti-heróis é reunido pela diretora da CIA, Valentina Allegra de Fontaine, para uma missão secreta. A equipe é formada por Yelena Belova (Florence Pugh), Bucky Barnes/Soldado Invernal (Sebastian Stan), John Walker/Agente Americano (Wyatt Russell), Alexei Shostakov/Guardião Vermelho (David Harbour), Ava Starr/Fantasma (Hannah John-Kamen) e Antonia Dreykov/Treinadora (Olga Kurylenko).

 

Durante a missão, eles descobrem que foram enganados por Valentina e acabam caindo em uma armadilha mortal. No meio disso tudo, além de enfrentarem ameaças externas, também precisam lidar com conflitos internos, confrontar seus próprios passados e, principalmente, aprender a confiar uns nos outros para sobreviver.

 

O que me surpreendeu foi que o filme já começa abordando temas profundos, como depressão e traumas do passado — especialmente pela visão da Yelena. Quem acompanhou os filmes anteriores, sabe que a personagem carrega muitos problemas não resolvidos até aqui. Desde o início, a narrativa é muito bem construída, equilibrando ação e emoção. A atuação de Florence Pugh é um dos grandes destaques; ela entrega uma performance tão marcante que prende a atenção sempre que está em cena.


Infelizmente, depois de tantos filmes mal produzidos, acabamos criando expectativas muito baixas. O CGI ruim, que virou quase uma marca recente da Marvel, felizmente não aparece aqui. Pelo contrário: os efeitos visuais são de altíssimo nível, algo que realmente surpreende. As cenas de luta são bem coreografadas e visualmente empolgantes, trazendo dinamismo e ritmo à trama. O elenco, além disso, tem um bom equilíbrio de tempo de tela, permitindo desenvolver seus arcos de forma satisfatória.

 

Alguns personagens, como Bucky Barnes, têm um desenvolvimento muito bem conduzido. É impressionante ver sua evolução emocional desde sua primeira aparição lá atrás, no filme do Capitão América. E tudo isso é tratado com respeito ao personagem. John Walker também é outro destaque. Sua presença é tão forte que, em alguns momentos, o público se pega torcendo por ele, apesar de seu passado controverso. Toda a sua jornada desde a série Falcão e o Soldado Invernal (2021) é bem aproveitada aqui, acrescentando várias camadas ao personagem.

 

Quem acaba um pouco ofuscada é a Fantasma. Embora sua participação não comprometa, é fato que ela poderia ter tido mais espaço para se desenvolver e brilhar. Mesmo assim, o grupo como um todo funciona muito bem.


É verdade que há algumas conveniências de roteiro que incomodam, especialmente em certas soluções fáceis para problemas complexos. Ainda assim, Thunderbolts acerta ao não tentar reinventar a roda: faz o básico, mas faz bem-feito. O filme traz temas atuais, como depressão e crise de identidade, diretamente ligados às trajetórias dos personagens. Isso permite que, em vários momentos, o público se identifique, entenda e até se emocione com a dor ou frustração de cada um.

 

No fim das contas, Thunderbolts é uma grata surpresa dentro da Fase 5 da Marvel. Consegue equilibrar muito bem drama e ação, entregando um filme mais maduro e com peso emocional — algo que há muito tempo não víamos no MCU.


 

De forma geral, é um filme que dá espaço e desenvolvimento para personagens que antes eram quase secundários, explorando suas dores e trazendo novas camadas para cada um deles. Com um ritmo bem dosado, boas atuações e cenas muito bem dirigidas, é, sem dúvida, uma boa surpresa para nós, fãs do universo dos super-heróis.

 

Ah, e fica a dica: há duas cenas pós-créditos que prometem grandes desdobramentos para o futuro do MCU.

 

Nota: 8.5

Mais divertido do que eu esperava, Thunderbolts entrega um roteiro com desenvolvimento cuidadoso dos personagens e uma aventura impulsionada por emoções reais. O filme acerta ao abordar temas do cotidiano de forma natural e bem encaixada na trama, o que me agradou muito e, sem exagero, faz dele um dos melhores filmes da Marvel dos últimos anos.

 

Sinopse

Em Thunderbolts*, um grupo de anti-heróis do Universo Cinematográfico da Marvel — Yelena Belova (Florence Pugh), Bucky Barnes (Sebastian Stan), Guardião Vermelho (David Harbour), Fantasma (Hannah John-Kamen), Treinadora (Olga Kurylenko) e John Walker (Wyatt Russell) — é reunido pela manipuladora Valentina Allegra de Fontaine (Julia Louis-Dreyfus) para uma missão secreta. Presos em uma armadilha mortal, esses desajustados desiludidos são forçados a trabalhar juntos em uma operação perigosa que os obriga a enfrentar os traumas e segredos de seus passados.

                                 Trailer

Diones Santana

Fundador do Acervo Nerd e apaixonado por videogames. Apresentador do canal "Diow Games" no YouTube e amante de um bom rock! facebook twitter instagram

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